Mesmo os escritores mais experientes podem cair em armadilhas comuns ao estruturar tramas para adolescentes. Identificar e evitar esses erros pode fazer toda a diferença na qualidade e na recepção de uma história infantojuvenil. Abaixo, exploramos alguns dos principais equívocos na criação de tramas para o público jovem e oferecemos dicas práticas sobre como evitá-los.
1. Objetivos Fracos ou Pouco Atraentes para o Protagonista
Um dos erros mais comuns é criar objetivos que não despertam o interesse ou a empatia do leitor. Objetivos genéricos ou vagos podem fazer com que a história perca força e que o protagonista pareça superficial ou desinteressante. Quando o objetivo do protagonista não está claro ou não possui uma importância real para ele, o leitor jovem pode ter dificuldade para se envolver com a trama.
Como Evitar:
Para evitar esse erro, dê ao protagonista um objetivo que seja pessoal e significativo. O objetivo deve representar algo que ele ou ela realmente deseja ou precisa, algo pelo qual vale a pena lutar. Para tornar o objetivo ainda mais atraente, pergunte-se: “O que está em jogo para o protagonista caso ele falhe?”. Ao trazer uma carga emocional para o objetivo, a narrativa se torna mais poderosa e envolvente.
2. Conflitos Previsíveis ou Sem Relevância
Conflitos mal desenvolvidos ou previsíveis tornam a história monótona e dificultam o envolvimento do leitor. Sem conflitos desafiadores, o desenvolvimento da trama perde intensidade, e o arco do personagem fica limitado. Além disso, conflitos que não se conectam diretamente com o objetivo do protagonista podem parecer forçados ou artificiais, deixando o enredo disperso.
Como Evitar:
Desenvolva conflitos que estejam diretamente ligados ao objetivo do protagonista e que desafiem suas crenças, habilidades ou moral. O conflito deve ser algo que coloque o protagonista em uma posição desconfortável e que o force a sair da zona de conforto. Considere também reviravoltas inesperadas que aumentem a complexidade do conflito sem fugir do tema central da história.
3. Lacunas no Desenvolvimento do Clímax
O clímax é o ponto culminante da história, mas muitos escritores falham ao chegar a ele sem uma preparação adequada. Um clímax repentino ou mal preparado pode fazer a história parecer apressada e menos impactante. Por outro lado, um clímax excessivamente elaborado, sem que o leitor entenda o porquê da tensão, pode parecer exagerado e desconectado da narrativa.
Como Evitar:
Para que o clímax seja eficaz, crie uma progressão lógica que o leve até ele. Os conflitos e obstáculos enfrentados ao longo da história devem preparar o leitor para o momento decisivo. Planeje as ações e decisões do protagonista de forma que o clímax pareça uma culminação natural dos eventos. Se possível, faça com que o clímax seja o momento em que o protagonista precisa tomar uma decisão que demonstre seu crescimento pessoal ou sua nova perspectiva.
4. Falta de Conexão Emocional com o Protagonista
Se os leitores não conseguem se conectar emocionalmente com o protagonista, é difícil que se importem com o resultado da história. A falta de conexão emocional pode ocorrer quando o protagonista é apresentado de maneira superficial, sem uma personalidade ou emoções claras, ou quando suas reações aos acontecimentos são muito genéricas.
Como Evitar:
Desenvolva um protagonista com características reais e tridimensionais, incluindo medos, desejos e imperfeições. Mostre o lado vulnerável do personagem para que o leitor possa se identificar com ele. Invista em momentos de introspecção e reflexão, onde o protagonista pensa sobre suas escolhas e dúvidas. Pequenas ações, como expressões faciais ou gestos em momentos de tensão, ajudam o leitor a entender o que o personagem está sentindo, facilitando a conexão emocional.
5. Desfechos Apressados ou Incompletos
Um final apressado, que não resolve todos os conflitos apresentados ou não responde às perguntas criadas, pode frustrar o leitor e deixar uma sensação de insatisfação. Em histórias para adolescentes, especialmente, é importante oferecer um desfecho claro que mostre o impacto da jornada na vida do protagonista.
Como Evitar:
Ao chegar ao desfecho, verifique se todos os arcos narrativos foram resolvidos e se cada conflito teve uma conclusão lógica. Dê atenção ao fechamento emocional: mostre como o protagonista mudou e o que aprendeu com sua experiência. Se a história sugere uma continuação, deixe pistas sutis que indiquem isso sem deixar a trama principal inacabada.
6. Temas Morais Pouco Desenvolvidos ou Forçados
Histórias para jovens muitas vezes exploram temas de aprendizado e moralidade. No entanto, ao exagerar ou simplificar esses temas, há o risco de que a mensagem pareça forçada ou superficial. Mensagens excessivamente diretas podem fazer a narrativa parecer uma lição, em vez de uma experiência envolvente.
Como Evitar:
Integre o tema moral de forma natural na trama, permitindo que o protagonista aprenda e cresça através das situações e conflitos que enfrenta. Em vez de afirmar diretamente a moral da história, mostre-a através das ações e das consequências das escolhas do protagonista. Deixe o leitor concluir a mensagem por conta própria, o que torna a história mais impactante e menos didática.
Considerações Finais
Evitar esses erros comuns ao estruturar histórias infantojuvenis exige prática e uma boa dose de reflexão sobre cada aspecto da trama e do desenvolvimento do personagem. Ao tomar cuidado com a definição de objetivos, criação de conflitos, desenvolvimento do clímax, conexão emocional, resolução dos desfechos e integração dos temas, o escritor estará melhor preparado para criar uma história profunda, envolvente e memorável para jovens leitores.